Vamos fazer um exercício:
(Imagine-se numa galeria a ver uma exposição de fotografia exclusivamente de mãos, OK? Vamos lá então…)
Já alguma vez sentiu o que as mãos transmitem? Pense um pouco…. Talvez nunca tenha tido tempo e oportunidade para pensar no assunto.
Mãos:
- Cor
· Brancas
· Pretas
· Rosadas
· Castanhas
· Roxas
- Feitios
· Grandes
· Pequenas
· Esguias
· Gordas
· Magras
- Cheiro
· Perfumadas
· Mal cheirosas
- Vida
· Fumadoras
· Nervosas
· Trabalhadoras
· Delicadas
· Trágicas
· Tristes
· Realizadas
· Ricas
· Pobres
· Crentes
· Acidentadas
· Viciadas
· Marginais
- Beleza
· Lindas
· Belas
· Rudes
· Agrestes
· Fofas
· Queridas
· Sensuais
· Feias
· Agressivas
· Medonhas
- Textura
· Secas
· Húmidas
· Escamadas
· Oleosas
· Suaves
· Rugosas
· Sensíveis
· Calejadas
· Gretadas
- História
· Vividas
· Experientes
· Inexperientes
· Conformadas
· Novas
· Velhas
· Rebeldes
· Modernas
· Com Tradição
· Abandonadas
· Desprezadas
· Castigadas
- Marcas
· Cortes
· Sinais
· Amputações
· Cicatrizes
· Deformações
· Nascença
· Manchas
· Moda
· Adornos
· Dependências / Vícios
- Qualidades
· Acariciar
· Confortar
· Tocar
· Sentir
· Trabalhar
· Elogiar
· Excitar
· Amparar
· Criar
· Comunicar
· Cuidar
· Reconfortar
- Defeitos
· Magoar
· Ofender
· Ferir
· Bater
· Destruir
· Comunicar
· Criar
· Sentir
- Identidade
· Pessoal e intransmissível (impressões digitais)
- Inocência
· Detentora da inocência desde a sua criação, até prova em contrário…..
- Culpa
· Serem escravas de um “tal” de cérebro que adultera a suas características originais.
Imaginando ou observando todas estas mãos, consegue formar opinião do carácter dos seus donos?
Claro que não, apenas pode supor as suas idades, vivências, as suas origens, o seu status social, a sua sorte na vida, mas nunca…nunca o seu carácter.
SÁBADO, 17 DE MARÇO DE 2007
As mãos feias
Há muito tempo atrás, existiu uma menina, muito linda, saudável e amável.
Não havia ninguém que não gostasse da menina, que tinha oito anos.
Mas a menina ficava constrangida sempre que a viam com a sua mãe.
A mãe da menina era cheia de cicatrizes no corpo e no rosto.
Mas as mãos da senhora eram ainda mais horrorosas. Eram vermelhas, constantemente saia pus delas e ficavam em carne viva. Tinha ainda deformações horríveis. A menina detestava estar com a mãe em público. Não entendia por que razão a mãe era assim, e constrangia-se com a sua presença na escola ou em festas para as quais era convidada.
Um dia, cansada de ser gozada pelas colegas e de ouvir comentários de pena dos professores, a menina chamou a mãe e perguntou:
- Mãe, não há nada que possas fazer em relação ao teu corpo e às tuas mãos?
- Não minha filha, respondeu a mãe.
- Mas porquê?
- Os médicos disseram que era irreversível minha filha.
- Porque ficaste assim? Porque é que tu não és igual às mães das minhas colegas, que são lindas e possuem mãos mais belas ainda?
A mãe olhou para a filha e respondeu:
- Há sete anos atrás, eu estava a tomar banho e a minha empregada deixou uma vela acesa próximo da cortina. A cortina incendiou-se devido ao contacto com a vela. Sai do banho e fiquei desesperada, pois bem perto da cortina estava o teu berço. Desesperada e vendo o fogo a alastrar, puxei a cortina com as minhas mãos, e, sem querer a cortina enrolou-se no meu corpo, com o fogo alto. A empregada trouxe um balde de água, e foi por isso que me salvei a tempo. Mas as cicatrizes tornaram-se irreversíveis. Mas não me arrependo, e a feiura das minhas mãos foi um preço pequeno a pagar pela tua vida.
A menina chorou e abraçou a mãe, pedindo perdão. Daquele momento em diante, nunca mais se envergonhou dela, e todos os dias repetia: obrigada.
As mãos são escravas do nosso cérebro, apenas temos de recompensar essa dedicação usando-as sabiamente, com amor. E aí sim, elas serão capazes de mudar o mundo.
Agora sim, pode começar a observar as suas mãos e a tirar as suas conclusões sobre se as tem usado com sabedoria., mas lembre-se que nem tudo se vê a olho nu ou através de uma fotografia.
E já agora, não se vá embora sem antes lhe transmitir o meu agradecimento pela sua atenção com um aperto de mão
Bem-haja!