É uma figura incontornável na literatura portuguesa, e que não poderia estar retratada noutra obra senão nos Lusíadas.
Sendo os Lusíadas uma epopeia representativa do que de melhor se fez na Nação, não poderia deixar de nela estar representada o que de pior existe, ou seja o espírito derrotista que felizmente não venceu a vontade de ir mais além e que ainda hoje vagueia pelo nosso inconsciente.
Ao longo dos anos tenho constatado que em Portugal só existem dois lados da crítica, o lado positivo e o lado negativo, existindo por sua vez um grande espaço vazio no meio que deveria estar preenchido pelo “meio-termo”, mais concretamente pela razão. Mas não, o lugar está mesmo vazio, vazio de opinião, vazio de contribuição, vazio de ideias, vazio de vontades.
Este vazio deveria ter um peso nulo na balança, mas infelizmente ele tem peso negativo, pois as leituras que dele fazem é a de desconfiança, desinteresse, dolo, premeditação.
Todas estas características do meio-termo facilmente associadas e inclinadas para o lado negativo, reforça o que chamamos e caracterizamos de velho do Restelo, velho esse que não contribui nada para o desenvolvimento de uma comunidade ou de um pais, pelo contrário, critica negativamente, tenta derrotar todas as ideias bem intencionadas, até mesmo as mais tenras, semeando assim a frustração, o desalento, o cansaço e o degradar do amor próprio da nação.
Felizmente, os poucos marinheiros são mais resistentes e mais imunes do que os velhos do Restelo, e conseguem, embora com muita dificuldade resistir e chegam mesmo a progredir, independentemente da energia negativa descarregada em cima deles.
Como devem ter percebido, estou a figurar um pouco as personagens, para poder mostrar que o desenvolvimento do pais e de cada cidadão em particular, seria muito melhor se ignorássemos os restos de velhos do Restelo que insistem em existir dentro de nós e que nos atrasam do resto do mundo.
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