Quarta-feira, 26 de Setembro de 2007

Mobbing ou Assédio Psicológico

 

Quantos casos não conhecemos nós de injustiças, no trabalho, pessoas com as capacidades involuntariamente atrofiadas, impedidas de se libertarem e darem o melhor de si?

Quantas vezes nos questionamos da razão pela qual alguém que até merece mais oportunidades e sem razão aparente não é galardoada com o reconhecimento devido?

Por vezes são situações incríveis que nos relatam e que por mais que tentemos dar uma solução legal, não conseguimos senão encolher os ombros e rezar para que algo miraculoso aconteça, repondo assim alguma justiça.

Esses e outros casos não são muito falados nos meios de comunicação nem pelos políticos, não são detectáveis pela justiça, não são facilmente solucionados por ninguém.

A esses casos dá-se o nome de Mobbing ou Assédio Psicológico.

Foi por essa razão e por conhecimento de casos reais que resolvi publicar algo sobre a matéria e partilhar com todos os que precisam de ajuda ou de esclarecimento.

Espero que vos seja útil e caso pretendam, podem aqui DENUNCIAR as vossas vivências e/ou situações conhecidas, pois ninguém merece estar sozinho nesta luta.

 

O QUE É O MOBBING?

 

Violência moral ou psíquica no trabalho: actos, atitudes ou comportamentos de violência moral ou psíquica em situação de trabalho, repetidos ao longo do tempo de maneira sistemática ou habitual, que levam à degradação das condições de trabalho idôneo, comprometendo a saúde ou o profissionalismo ou ainda a dignidade do trabalho.

        

         Em inglês, “to mob” significa “agredir”. Na prática, podemos traduzir isso com duas palavras: vergonhosa intimidação. Uma verdadeira praga social, comparável – pela gravidade e vastidão – ao fenómeno da usura. É um verdadeiro fenómeno de delinquência massiva, com três componentes: a vítima (o “mobizado”), o carnífice(s) (Mobbers) e os cúmplices (os colegas, a representação sindical...)

       Perfil pessoal da vítima: inteligente um pouco mais do que a média, altruísta, ingênuo, insatisfeito, honesto, com uma certa consideração dos valores, apegado ao trabalho e à empresa. Não tolera injustiças com ninguém.

Perfil pessoal do mobber: malvado, muitas vezes com referência à meritocracia da firma, de nível medíocre, certamente com problemas na própria família, ladrão...

Muitos dos comportamentos dos mobbers caracterizam fielmente aqueles mafiosos: motivações de fundo (na maioria das vezes, o dinheiro), mania de grandeza, vontade criminal, cumplicidade em eliminar alguém, o agir escondido...

O mobbing é usado naquelas firmas que querem afastar um dependente que se tornou incómodo. Muitas vezes não é a própria firma que começa o mobbing, mas acaba endossando a mesma. Pode-se imaginar uma firma que dá razão ao empregado e considera errado o manager (gerente, diretor, encarregado etc)? Essa é uma situação grave, porque a firma, mesmo sabendo e conhecendo, deixa a coisa correr e, a partir de um certo momento, participa da situação já que a aposentação ou afastamento do empregado é assinada pela firma e não pelo diretor.

O mobbing  verifica-se nas firmas de grande e média dimensão. Em primeiro lugar porque naquelas firmas de carácter patronal, é mais fácil o afastamento/aposentação individual e, em segundo lugar, porque os grupos para-mafiosos mobbistas surgem e enraízam-se nas grandes firmas, justamente onde, na ausência de um patrão, é mais fácil reger as coisas como se deseja.

Porque existe o mobbing?

Na maioria dos casos, na origem das situações está o dinheiro: gorjetas, gratificações, trabalhos paralelos etc, que alguns, em virtude da própria posição, exigem e consideram justo pedir. Em algumas ocasiões, pode ser também que na origem do mobbing esteja algum preconceito (por ser gordo, p.ex.). Outras vezes, o mobbing atinge algum empregado “rebelde” quando, por exemplo, o mesmo rejeita trabalhar ao domingo, justificando com o seu contrato de trabalho.

É preciso, contudo, distinguir o mobbing de alguns comportamentos semelhantes como o bossing (uma espécie de mobbing entre chefes de trabalho), o protecionismo dos quartéis, o assédio sexual das secretárias que não querem submeter-se a tanto. Todos estes casos manifestam somente sintomas de mobbing.

mobbing refere-se à vontade de libertar-se da pessoa incómoda através do afastamento/aposentação ou da demissão. No início, o fenómeno é vertical: do chefe para o empregado. Mas, em certo momento, também passa a ser horizontal, entre os colegas de trabalho.

O que é que o mobbing provoca? Muitos danos: ansiedade, insónia, depressão, e, nos casos mais graves, distúrbios (algumas vezes irreversíveis) psicológicos, além do surgimento de patologias como eczemas, erupções cutâneas, tumores....

O que fazer diante do mobbing? Duas coisas: resistir (resistir, resistir, resistir) e recolher provas. Por quê? Porque as firmas começarão a parar de usar o mobbing quando os juízes julgarem as firmas e lhes derem alguma sentença pesada.

 

MAURO CORRADINI

DEZ CONSELHOS PARA RESISTIR AO MOBBING

 Mobbing – humilhação sofrida no exercício profissional.

Mobbers – aquele que provoca a humilhação.

Mobbizante – ação que gera humilhação.

Mobbizado – vítima de mobbing.

 

Conselhos práticos para resistir ao Mobbing e não se deixar envolver por ele (um decálogo).

 

  1. Tenha paciência. – O percurso contra o Mobbing (humilhação no exercício profissional) é longo, penoso e difícil; organize-se para uma luta em que, no final será vencedor. O tempo está a seu favor: depois de um período inicial de desânimo e depressão, encontrará força para viver, sorrir, vencer os mobbers (aquele que provoca a humilhação), e ser justamente indemnizado pelos danos sofridos.

  2. Não ceda ao desânimo e à depressão. – O mobbing, àquele que é subjugado, não acontece por culpa da vítima. Os motivos sócio-psicológicos que estão na origem do mobbing são múltiplos e complexos, objecto de estudo de sociólogos, psicólogos e juristas. A vítima é apenas o “bode expiatório” de uma situação que não depende da culpa de quem é submetido a isso.

  3. Não tema uma possível demissão. – A primeira ideia que um mobbizado (aquele que sofre a humilhação) tem é a de fugir e livrar-se da situação de stress, abandonando o problema. Na verdade, muitas vezes, o mobbing tem  somente a finalidade de “poder dispensar impunemente”. Pedir demissão, certamente, liberta-o do problema, porém, dá vitória ao mobber. Recorra a um período de licença por doença prevendo somente o tempo estritamente necessário. Utilize a seu favor especialmente os períodos de férias não gozados ou reposições de horas. Tenha bem presente que ao voltar ao trabalho, após esses períodos mais ou menos longos de ausência, você poderá encontrar a situação ainda pior, pois, o mobber teve todo tempo para melhor se organizar contra si.

  4. Não pense ser o único.- Calcula-se, por baixo, que na Itália existam pelo menos um milhão e meio de “mobbizados”, (aproximadamente 6% da força de trabalho). Pensar ser o único é um equívoco; cada um é um entre tantos.

  5. Organizar-se para resistir. – Considere que, segundo cálculos realizados pela Organização Internacional do Trabalho, acções praticadas contra os “mobbizados” custa a uma empresa cerca de 190% da remuneração anual bruta de um funcionário. Alguns desses custos são: - o tempo empregado pelo mobber para estudar novas formas de oprimir ou perseguir aquele que requereu a acção; - perda de moral entre os outros funcionários; - os dias de trabalho perdidos devido a licença por causa do mobbing; - os custos decorrentes de tratamentos dos trabalhadores doentes por causa do mobbing; - os custos gerados por dispensas voluntárias; - a empresa, por causa do mobbing, perde funcionários competentes e produtivos; - a substituição do trabalhador dispensado tem um custo para a empresa, em termos de know – how; - os ressarcimentos, por causas civis, aos trabalhadores mobbizados.

  6. Recolha documentação sobre humilhaçõcs sofridas. – Pelo facto de não haver  legislação específica sobre mobbing as acções contra isso enquadram-se em acções por infracções previstas penal e administrativamente, tais como: abuso de poder, ameaças, violência privada, difamação, calúnia, lesões pessoais etc; em relação a ilícitos administrativos: danos ao património, falsificação etc; torna-se necessário documentar-se da melhor forma possível as acções “mobbizantes” cometidas contra si. Portanto: - arregimente colegas dispostos a testemunhar (mesmo que isso seja difícil); - tenha um diário de cada acção mobbizante e indique data, hora, autor, descrição, pessoas presentes, testemunhas; - tenha uma previsão das consequências psico-físicas causadas por ações mobbizantes sobre o organismo. O mobbing faz adoecer e os sintomas psíquicos são: insónia, ansiedade, depressão, fobia etc; os físicos são: cefaleia, dores musculares, problemas cardíacos, acidez gástrica, tremores, falta de apetite, apetite exagerado, diminuição da potência e do desejo sexual etc; os problemas relacionados a comportamento são: perda da auto-estima, falta de confiança em si mesmo, sentimento de inutilidade, etc. Isso poderá ajudar a identificar os danos causados de modo a documentar tudo em vista a pedido de indemnização por danos morais. Coloque tudo por escrito, protocole e encaminhe ao órgão competente. Transforme qualquer ordem recebida verbalmente em requerimento escrito, tipo: “fulano pediu-me para fazer isso, peço confirmação por escrito”. Muitas vezes não virá resposta mas isso já será prova de uma acção mobbizante, entre tantas já sofridas.

  7. Procure aliados. -Isso nem sempre é fácil, pois os colegas nem sempre têm tal disposição. Muitas vezes se afastam para que o mobbing dirigido a si não se volte também contra eles. Muitas vezes, no mobbing transversal, são os próprios colegas os mobbers que infligem humilhação. Em todo caso, não se isole; cultive as relações sociais e as familiares, mesmo que sejam prejudicadas sob o aspecto afectivo ou sexual. Explique aos seus familiares o que é o mobbing e as consequências que disso advêm para si. Não tenha vergonha de sua situação, fale com as pessoas que o rodeiam para que estejam a par da situação, para que possam orientá-lo, para reforçar sua auto-estima; mas, cuidado para não cair no extremo do exagero. Falar incessantemente dos seus problemas, focalizar a atenção unicamente sobre o seu drama pode cansar os amigos e familiares e isso pode levá-lo ainda mais ao isolamento. O seu matrimônio, sua família, seus amigos podem entrar em crise. Assim, aconteceria o fenómeno do “duplo mobbing”, pelo qual as pessoas co-envolvidas pelo mobbing somam cinco vezes o número dos diretamente atingidos.

  8. Denuncie o mobbing. - Esta é uma actividade a ser desempenhada com atenção ponderada, de modo a evitar que as denúncias possam levá-lo a distorções (possíveis queixas por difamação). Escreva a história de seu mobbing, seja o mais claro e conciso possível, antes de a divulgar, guarde-a e, depois de pelo menos uma semana, volte a lê-la novamente; elimine o supérfluo; conserve somente aquilo que é importante. A exactidão em detalhes torna cansativa sua história; o importante é chamar a atenção do leitor. Faça uso de jornais, televisão privada, rádios locais, sindicato, associação de categorias. Denuncie factos reais e documentados. Escreva cartazes e coloque em lugares permitidos. Divulgue dentro da empresa, essa divulgação poderá fazer surgir, entre os outros funcionários, um movimento de opinião a seu favor. Lembre-se que a publicação de sua denúncia pode ser incompatível com os actos de ofício (ou segredo de justiça). Peça cópias da documentação que existe nos autos de ofício e em sua pasta particular; isso é um direito seu , ter acesso aos autos judiciais ou administrativos relacionados consigo e com a sua pasta pessoal, permitir-lhe-á ter acesso a todos os documentos que lhe interessam.

  9. Inscreva-se em uma associação contra o Mobbing. – Escolha unicamente associações que sejam apolíticas, sindicais, aconfessionais, que não tenham finalidade lucrativa.

  10. Procure as vias legais. – Nesse caso, não seja impaciente. Na escolha entre o procedimento penal e/ou civil (causa do trabalho, indemnização do dano biológico) prefira o procedimento civil. A tramitação de uma causa trabalhista é longa, mesmo em caso de ganho em primeira instância pode-se esperar um recurso por parte da empresa. Pode calcular um mínimo de quatro até oito ou dez anos. Recorra a um bom advogado, que tenha experiência de causas de mobbing e que, com certeza, não tenha vínculo algum com a sua empresa. Esclareça logo os objetivos que pretende atingir (dano biológico, dano ao património, reintegração ao trabalho, nova contratação, indemnização de qualquer tipo de danos etc.) e fixem as vias percorrer. Envolva o menor número de pessoas; possivelmente só as da sua empresa; desse modo, o seu advogado não terá que enfrentar um exército de advogados da contra-parte, os quais se unirão contra a sua demanda. Sucessivamente é possível iniciar um procedimento contra os autores materiais do mobbing; por exemplo, no caso de funcionários públicos será possível documentar o dano ao erário causado por aqueles que o prejudicaram por mobbing.  

http://www.stopmobbing.it/O%20QU%20E%20O%20MOBBING.htm

 

Neste enderesso encontam tudo ou quase tudo o que pretendem saber sobre o assunto:

http://www.avbdesign.com/assedio/links.html

 

Boa sorte e até breve

publicado por Paulo Batista às 00:38
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39 comentários:
De Norbidela a 28 de Outubro de 2009 às 18:27
A minha mãe trabalha na zona industrial da Maia. Tudo o que aqui relatam é o que ela está a passar. Trabalha directamente com a mulher do patrão que é uma pessoa feia, rancorosa, frustrada, incompetente, neurótica e sem principios. Diáriamente a humilha, trata como um animal, chantagia e pressiona-a para se despedir sem qualquer direito, dizendo-lhe que lhe fará a folha e negando-lhe até férias já vencidas. O patrão, seu marido, é um lingrinhas incapaz de se impor e quando não lhe faz qualquer vontade é também por ela ameaçado que lhe põe as malas à porta. Por isso faz tudo o que ela manda. O ambiente em casa é indescritível, pois a minha mãe passa o tempo a chorar, com dores de cabeça, sempre stressada. Ela diz que não pode denunciar nada, pois todos os colegas, andam com o rabinho entre as pernas. O que poderei fazer para ajudar a minha querida mãe?
De Paulo Batista a 2 de Novembro de 2009 às 09:32
Olá Norbidela.
Realmente é complicado. Penso que poderiam pensar num diário onde todos os colegas escrevessem as atrocidades que essa mulher comete, reunir testemunhos e provas da má conduta da patroa.
Só uma prova de fogo pode levar á Sr.ª pensar no assunto e talvez mudar de atitude.
A melhor opção é falar com um advogado ou aconselhar-se no tribunal de trabalho.
As pessoas não podem submeter-se ao clima de terror e de pressão constante, senão ficam reféns desse sentimento.

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